
Não, não vou falar da ex-primeira ministra britânica que de ferro acho que só tinha a expressão.
Vou falar de uma mulher que foi a primeira e a última que tive a honra e o prazer de admirar o seu trabalho.
Oriana Fallaci
Esta italiana nascida em Florença é um dos seres humanos que mais admirei, ou admirava pois infelizmente já não está entre nós.
Começo por vos dizer que muitas vezes alguns jornalistas vão fazer uma reportagem a algum pais longínquo e passam lá 3 dias e já se acham conhecedores profundos da dita região, com Oriana as coisas eram diferentes, falava do Médio Oriente, da Europa e dos Estados Unidos com conhecimento de causa, viveu 4 anos em Cabul, viveu em Itália, Paris, Alemanha, Suécia, Uk e Espanha, nos Estados Unidos viveu o fim da sua vida porque se auto exilou, detestava Silvio Berlusconi, o “fascista” como lhe chamava.
O primeiro livro que vos falo é magnífico, chama-se “Entrevista com a Historia” e são 17 entrevistas com líderes da década de 60 e 70 e algumas das mais carismáticas personagens da altura.
Nomes como Dalai Lama, Henry Kissinger, Shah of Iran, Ayatollah Khomeini, Willy Brandt, Zulfikar Ali Bhutto, Walter Cronkite, Muammar al-Gaddafi, Federico Fellini, Sammy Davis Jr, Nguyen Cao Ky, Yasir Arafat, Indira Gandhi, Alexandros Panagoulis, Arcebispo Makarios III, Golda Meir, Nguyễn Văn Thiệu, Haile Selassie, Sean Connery e Lech Walesa. São alguns dos nomes que passaram pela caneta de Oriana, tem um dos seus livros com o prefácio de Orson Welles!
Algumas destas conversas ficaram famosas como aquela em que Ayatollah Khomeini se recusou a falar com ela por não estar com a cara tapada! Ao que ela respondeu que agora era ela que se recusava a falar com um machista que não entendia ou não aceitava pessoas de outras culturas, este encontro era em Berlim e não no Médio Oriente! E foi-se embora…2 semanas depois foi ele que lhe pediu desculpas e pediu novo encontro! Como este encontro foi no Irão, ela por estar num pais com outros costumes já cobriu a cabeça.
O Segundo foi o livro que mais me marcou nos últimos 10 anos, chama-se “A Raiva e o Orgulho”, um livro com pouco mais de 200 páginas e que recordo que o li em poucas horas de uma só vez, aviso…é um livro muito forte e já conheci pessoas que o acharam xenófobo.
Tudo começou com o atentado às torres em NY, Oriana Fallaci vivia em Manhattan e por isso viveu de perto toda a tragédia, dois dias depois recebeu uma chamada do editor do “Corriere della Sera” se queria escrever sobre o que estava a acontecer, Oriana já não escrevia há muitos anos mas dadas as circunstâncias aceitou. Começou a escrever e deu-se conta que a página inteira que lhe ofereceram não chegava para tudo que queria dizer, pois passou de uma para duas e de duas a três e por fim a quatro páginas! Falamos de um diário que é do tamanho do antigo Expresso…
Ainda assim ela escreveu tanto sobre isso que depois editaram o livro "The Rage and The Pride"e que eu aconselho vivamente mas repito, cuidado, é um livro muito intenso e escrito no calor da situação vivida, enquanto o li-a pensava “Oriana…também não exageres…depois de ler mais umas linhas pensava…se calhar não estás a exagerar”
Enfim, não vos conto mais, experimentem!
Foi uma mulher extraordinária, foi uma guerreira, foi uma mulher com a qual eu iria adorar passar uma noite a ouvir os milhões de histórias que certamente teria para contar.
Esta foi a minha pequena homenagem a uma mulher com M maiúsculo e que foi a prova que não há nada, absolutamente nada que uma mulher não possa fazer na vida, só tem de ter coragem a acima de tudo determinação! Não há profissões só para homens.
RIP
2 comentários:
Faça o favor de reservar o livro aí em casa...
Entre uma ou outra partida de PES, vou dando uma olhada...eheh
Obrigado
Obrigado !
Pareceu-me interessante a sugestao .
Abraço , A.B.
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